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domingo, 26 de junho de 2011

Meu posicionamento quanto ao PL 122/2006

O PL 122/2006 é o assunto do momento no meio evangélico brasileiro. Da autoria de Iara Bernardi, ex-deputada petista, o projeto de lei tenta aumentar as punições contra crimes de discriminação aos homossexuais. O texto da lei levanta questões polêmicas como a garantia da liberdade dos homossexuais de expressarem sua afetividade em público e a possibilidade de punições contra quem nega emprego, atendimento de serviços, etc. Na verdade, muita coisa do que é posto na lei já seria garantido pela constituição, mas agora os “crimes de homofobia” tem o mesmo caráter dos crimes de racismo. Entre os textos mais criticados pela classe evangélica temos:

Acrescenta também ao art. 20 o § 5º, com a seguinte redação: O disposto neste artigo envolve a prática de qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória, de ordem moral, ética, filosófica ou psicológica.”

Veja bem, se o homossexual, ao ouvir de alguém que homossexualismo é, de alguma forma, ruim. Se a argumentação for de ordem moral, filosófica, ética ou psicológica, mesmo que seja uma abordagem respeitosa, e se o homossexual se sentir violentado, constrangido, intimidado ou vexado, poderá recorrer à justiça. Ou seja, é um texto que gera várias interpretações. Como o mundo tende a contrariar qualquer tipo de moralismo, a pregação cristã será certamente interpretada como desobediência a essa lei. Se um casal homossexual tentar marcar um casamento numa igreja evangélica ortodoxa e o pastor não aceitar fazer o casamento, poderá ser preso. Se ele disser, numa pregação, que homossexualismo é pecado, poderá sim, ao contrário do que dizem, ser preso. É uma questão de interpretação. Outro trecho da lei diz: 

"Art. 8º-A Impedir ou restringir a expressão e a manifestação de afetividade em locais públicos ou privados abertos ao público, em virtude das características previstas no art. 1.º desta Lei."

Se um casal, homossexual ou não, entrar uma igreja (um local privado aberto ao público) e começar a se beijar ou a se acariciar, e o pastor pedir que o casal pare com o ato (já que isso seria considerado impróprio mesmo para um casal heterossexual), poderá ser preso por tentar impedir uma manifestação publica de afeto.

Tudo isso é claramente uma forma de impedir a liberdade de expressão religiosa, algo garantido pela constituição. Mas existem outras críticas à lei e é nesse ponto que quero chegar. Existe no Brasil evangélico um movimento a for da família e contra o PL 122/2006. Eu vejo isso com bons olhos, já que, se dependesse de mim, as famílias seriam todas heterossexuais, organizadas, onde os homens fossem verdadeiramente chefes de família, carinhosos com os filhos e as esposas, onde as mulheres fossem submissas e sábias, onde a Palavra de Deus fosse um norte, onde não entrassem drogas e as crianças fossem bem educadas e obedientes. Tudo isso seria ótimo, porém nem tudo são flores. As pessoas pecam e esse mundo sempre tenderá ao pecado mais que a servir a Deus (1 Jo 5.19). Sabemos também que, sempre que a igreja tentou dominar o mundo e impor o Cristianismo, o mundo não melhorou, muito pelo pelo contrário, piorou. A exemplo disso temos a dominação do Império Católico Romano onde a igreja se contaminou com a política e passou a matar pessoas e a enriquecer às custas do dinheiro de pessoas miseráveis e sem entendimento, exploradas pelo sistema religioso da época.

Na verdade, não é obrigação da igreja impor o Evangelho à força. A salvação é um evento sobrenatural e é somente pela ação do Espírito Santo de Deus que o homem natural decide obedecê-lo (Rm 8.1; 1 Co 5.17). Logo, não concordo com a atual investida da igreja brasileira para impedir o casamento homossexual. Isso só gerará ódio, conflitos e frustrações, já que essa é uma tendência mundial que se concretizará com o consentimento da igreja ou não. Outra coisa que considero extremado, é a tentativa de impedir a adoção de crianças por homossexuais. Mais uma vez digo, se dependesse de mim, as crianças seriam criadas por um pai e uma mãe, porém entendo que é melhor uma criança ser educada por dois “pais”, ou duas “mães”, do que ficar a infância toda em um orfanato, sendo educada muitas vezes por pessoas que não as amam ou que não tem tempo de dar afeto a tantas crianças ao mesmo tempo.

A formação da família nos moldes bíblicos, a necessidade de uma criança ter referências de um pai e uma mãe, a necessidade dos seres humanos de terem um companheiro do sexo oposto para serem verdadeiramente felizes, etc. podem ser defendidas por nós quando questionados sobre isso, mas repito, isso não pode ser imposto pela igreja, mas sim ser algo a ser aceito pelas pessoas através da pregação do Evangelho. Não vamos conseguir impedir que os homossexuais consigam se casar ou adotar crianças. Talvez consigamos isso por algum tempo, mas não para sempre. A pessoas devem ter liberdade para seguirem o caminho que quiserem, por mais que entendamos que escolher tais caminhos (como o do homossexualismo) não implica em realmente ser livre. Pra terminar, a PL 122/2006 possui pontos que considero importantes de serem combatidos pela igreja, no caso, os trechos que citei acima que tentam, de alguma forma, abrir uma brecha na constituição para perseguir a pregação cristã. Isso sim eu considero um motivo pra intervirmos de forma ativa na política. Continuemos combatendo os pontos errôneas do projeto de lei aludido, mas com coerência e amor, do contrário, não seremos ouvidos pela sociedade.

Respeitosamente,

CLF

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Alerta sobre os abaixo-assinados contra o PL122/2006

Tenho recebido muitos e-mails de cristãos bem intencionados repassando links de abaixo-assinados contra o PL122/2006. Não vou entrar em detalhes sobre o porquê de ser contra tal projeto de lei, até porque o assunto tem sido por demais discutido inclusive com textos ótimos de escritores como Ciro Zibordi, Augustus Nicodemus, entre outros. Minha intenção é alertar os autores desses abaixo- assinados de que a menos que nossas intenções sejam plenamente detalhadas nesses abaixo-assinados, não conseguiremos convencer a ninguém de que o tal projeto de lei está errado. Alguém pode estar se perguntando em que o texto desses abaixo-assinados está errado, bem, vou listar abaixo minhas considerações:

1 – Vivemos numa democracia e o Brasil é uma nação laica, logo não adianta mostrar trechos bíblicos para convencer o congresso. Devemos usar a constituição primordialmente, pois o congresso não é totalmente cristão e é em função da constituição que ele existe. A Bíblia pode ser usada como fomento de nossas afirmações, mas não é afirmando que “a Bíblia diz” que eles serão convencidos.

2 – Não adianta apenas dizer: "Não sou contra os homossexuais, mas contra o homossexualismo". Isso pega mal e até certo ponto é um paradoxo. Se você é contra o aborto, é contra quem prática aborto; se é contra a corrupção, é contra os corruptos; se é contra a prática homossexual, é contra os homossexuais. O grande problema é entender o que significa ser “contra” a prática homossexual. Devemos mostrar que nossa opinião é baseada em nossa fé em Cristo, que também ensina que devemos amar até mesmo nossos inimigos, quanto mais um pecador que não nos ofende diretamente com seus pecados.

3 – O texto de um abaixo-assinado deve explicar o motivo de nossa opinião contrária ao objeto do protesto, no caso, o PL122/2006. Sejamos explicativos. Mostremos que o projeto de lei agride a constituição no que tange às liberdades de expressão e religiosa, que não é pondo uma mordaça nas pessoas que nosso país será mais justo e democrático. Tenho visto textos nos cabeçalhos desses abaixo-assinados que não dizem nada a não ser: “Sou contra o PL122, sou contra o homossexualismo, não contra os homossexuais”. Isso é insuficiente pra convencer um ativista pró lei da homofobia.

4 – Texto de abaixo-assinado não combina com a destruição da Língua Portuguesa. Revise seu texto, veja se há concordância, se está usando bem o plural, se a grafia está correta, seu texto precisa estar perfeito pra ser respeitado.

Talvez exista algum problema que não tenha percebido, mas se observarmos esses aspectos, seremos mais respeitados pelo congresso e pelos que discordam de nós. Se estamos discutindo esse assunto tão importante, devemos ser claros e objetivos pra sermos compreendidos.

Cordialmente,

Clébio Lima de Freitas

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